Reabre o céu depois de uma chuvada
no azul do dia.
É o azul do nada com que se fazem os deuses e a poesia.

Vergílio Ferreira


09/04/2012

Olhar o Douro VIII

Olhar o Douro VII

Olhar o Douro VI

Olhar o Douro V

Olhar o Douro IV

Olhar o Douro III

Olhar o Douro II

Olhar o Douro I

Proust e a leitura


“Na leitura, a amizade é subitamente reduzida à primeira pureza. Com os livros, não há amabilidade. Estes amigos, se passarmos o serão com eles, é porque realmente temos vontade disso. A eles, pelo menos, muitas vezes só os deixamos a contragosto. E quando os deixamos, não temos nenhum desses pensamentos que estragam a amizade: - Que terão eles pensado de nós? – Não tivemos falta de tacto? – Teremos agradado? – nem o medo de sermos esquecidos por um deles. Todas estas agitações da amizade expiram no limiar dessa amizade pura e calma que é a leitura. Também não há deferência; só rimos com o que diz Molière na exacta medida em que lhe achamos graça; quando ele nos aborrece, não temos medo de mostrar um ar aborrecido, e quando estamos decididamente fartos de estar com ele, pomo-lo no seu lugar tão bruscamente como se ele não tivesse nem génio nem celebridade. A atmosfera desta pura amizade é o silêncio, mais do que a palavra.”

Marcel Proust. O Prazer da Leitura