Quociente
Espiritual
Antes
falávamos de Q.I., o lendário Quociente Intelectual, depois veio o Q. E. que se
converteu no novo mito do Quociente Emocional e agora já se fala de outro Q.
E., o Espiritual.
O
conceito foi aplicado pela primeira vez pela filósofa americana Danah Zohar,
que enuncia uma terceira forma de inteligência para além da intelectual e
emocional. A acreditar em Zohar esta forma de inteligência permite compreender
ainda melhor aquilo que é importante para nós: o sentido da vida, os nossos
próprios valores, os valores dos outros e os grandes princípios humanos.
No
dia em que Daniel Goleman, o célebre psicólogo americano autor de Emotional Intelligence, publicou este
best-seller mundial, ficou para sempre assente que existia uma forma de
inteligência impossível de medir através dos testes convencionais de Q. I., mas
que ultrapassava em larga escala esta definição clássica de inteligência.
Goleman
provou que, mais importante do que uma inteligência lógica e racional, é a
inteligência afetiva e relacional. Aquela que nos ajuda a conhecermo-nos a nós
próprios e a entender o mundo à nossa volta e nos abre um largo espectro de
capacidades criativas. Segundo Goleman, um inteligente emocional é alguém que
sabe lidar com o fracasso e o sucesso, que tem atenção aos outros, sabe ouvir,
sabe amar, sabe dar e receber, tem iniciativa e é criativo. Em resumo, é alguém
que vive bem consigo e com os outros e tem capacidade para fazer face às
adversidades da vida porque sabe que tem dentro de si muitas das respostas às
suas dúvidas.
Um
inteligente lógico, por outro lado, é alguém que tem uma capacidade superior
para um ou vários desempenhos pessoais ou profissionais mas nem sempre tem
atenção ao que se passa à sua volta e, acima de tudo, não tem a mais pálida
noção da maneira como se gerem os sentimentos, os afetos e as emoções que,
embora pareçam uma e a mesma coisa, são realidades completamente distintas.
Um
inteligente espiritual, na versão atualizada de Danah Zohar, autora de S. Q.: Connecting With Our Spiritual
Intelligence (da Bloomsbury Publishing), é alguém que sabe dar uma dimensão
a tudo o que diz, pensa e faz. Alguém que procura constantemente o sentido da
vida, que tem fé mesmo quando não acredita em Deus, que aposta em viver cada
dia melhor, que pratica o bem, que tem uma profunda noção ética da existência
e, acima de tudo, que crê num tempo para além deste tempo.
Conjugando
o Quociente Espiritual com o Quociente Emocional chegamos a uma versão apurada
de pessoas mais conscientes, mais humanas, mais solidárias e mais atentas a si
próprias e aos outros. Pessoas que acreditam nos grandes valores humanos, que
têm fé em Deus, nos homens, no Universo ou no que quer que seja mas sabem que a
vida só faz sentido se soubermos qual é o nosso lugar no mundo e tivermos
consciência de que o único caminho certo para lá chegar é o da ética.
Laurinda Alves. XIS Ideias para Pensar, Alfragide, Oficina
do Livro, 2009
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