Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.
Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-te outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.
Maria do Rosário Pedreira. Nenhum Nome Depois. Lisboa: Gótica, 2005, p. 13.
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