BIGODE
O uso da barba (e de bigode) foi sempre um símbolo honorável que representava nobreza e coragem. Era ultrajante, por exemplo, cortar-se a barba ou os cabelos ao adversário derrotado.
Apesar de algumas tentativas para se encontrar uma etimologia erudita à palavra, é mais ou menos comummente aceite que a origem seja germânica. Segundo um hábito antigo, os guerreiros alemães, antes de entrarem numa batalha, acariciavam o bigode, encomendando-se a Deus e dizendo bi God, ou seja, «por Deus».
FÚTIL
O latin fucile, por sua vez relacionado com o verbo fundo, ere era «aquilo que deixa escapar o que contém». Referiam-se os romanos a vasos rachados que deixavam correr os líquidos que continham. Daí que fossem sem préstimo, inúteis, «fúteis».
PAIXÃO
A palavra vem diretamente do latim passio com o significado de «sofrimento» relacionado com o verbo patescere, «padecer, sofrer». Este sentido ganhou maior evidência quando foi aplicado à «paixão» (sofrimento) de Cristo. Só mais tarde a palavra se equiparou à «paixão amorosa», que (embora possa causar sofrimento) se traduzia no latim por outras palavras, como líbido (volúpia) existente no love inglês e no Liebe, alemão ou affectus, «afeição», usada por Camões na aceção de «paixão».
PESSOA
O termo nasce do latim persona.
Nos enormes anfiteatros abertos ao ar livre, dificilmente os espetadores veriam as mudanças fisionómicas ou ouviriam a voz do artista. Para obviar a tal dificuldade, adaptava-se, então, ao rosto do ator uma máscara aparelhada com bucal, diríamos hoje um altifalante. A máscara frisava, caricaturalmente, as emoções do comediante. O bucal ampliava-lhe a voz, razão pela qual se chamou persona, ou seja, composto do verbo sonare, «soar», com o prefixo per. Em breve, do simples ressoador, a palavra estendeu o significado a toda a máscara e desta por metonímia, ampliou-se ao papel dramático e daí, por metáfora, ou outro símile, o papel que representamos na vida humana, onde somos a personagem principal.
Foi o poeta latino Marcial (século I) quem usou esta palavra peça primeira vez com o sentido de «cópia ou apropriação de uma obra ou ideia alheia». Para isso, utilizou, figuradamente, o termo latino plagiu, cujo significado era «roubo de escravos alheios», crime punido com fortes chicotadas.
Orlando Neves. Dicionário da Origem das Palavras. Lisboa: Editorial Notícias, 2001.
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