Reabre o céu depois de uma chuvada
no azul do dia.
É o azul do nada com que se fazem os deuses e a poesia.

Vergílio Ferreira


09/01/2015

Respiro fundo à beira-mar e o poder do oceano entre em mim a calma do universo. (…) Quem sente os limites do seu corpo? e um corpo é tão limitado. Pobre corpo tão frágil. É o meu absoluto. Tão instável. Um pé em falso e toda a sua imponência se desmorona. Uma breve rasteira. O chão que foge. Orgânica de ideias, o peito alto, os músculos; mas um breve desequilíbrio, e tudo por terra, oh, o rei da criação.  (…) Ah, tudo é ridículo, exceto saber que é tudo. O trágico é que saber não adianta. Isto é assim, vou pôr-me a fazer perguntas? Porque a última resposta tem sempre atrás uma pergunta sem resposta, não vale a pena insistir. De degrau em degrau, de doutrina em doutrina, de erro em erro – eu.


Vergílio Ferreira. Nítido Nulo

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