Respiro fundo à beira-mar e o
poder do oceano entre em mim a calma do universo. (…) Quem sente os limites do
seu corpo? e um corpo é tão limitado. Pobre corpo tão frágil. É o meu absoluto.
Tão instável. Um pé em falso e toda a sua imponência se desmorona. Uma breve
rasteira. O chão que foge. Orgânica de ideias, o peito alto, os músculos; mas
um breve desequilíbrio, e tudo por terra, oh, o rei da criação. (…) Ah, tudo é ridículo, exceto saber que é tudo.
O trágico é que saber não adianta. Isto é assim, vou pôr-me a fazer perguntas?
Porque a última resposta tem sempre atrás uma pergunta sem resposta, não vale a
pena insistir. De degrau em degrau, de doutrina em doutrina, de erro em erro –
eu.
Vergílio Ferreira. Nítido Nulo
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