Reabre o céu depois de uma chuvada
no azul do dia.
É o azul do nada com que se fazem os deuses e a poesia.

Vergílio Ferreira


21/12/2012




   A tradição popular apresenta, pari passu, um imenso bestiário, em que os animais personificam qualidades - virtudes ou defeitos dos homens:
   as atitudes da astuta raposa, que não tem pejo em enganar os outros animais, para conseguir os seus intentos, podem personificar a falsidade humana;
   o lobo, que não olha a meios para atingir os seus fins, como a comadre raposa, embora, não raro, seja ele o enganado, pode corresponder à má sorte dos que sempre enganam, mas que, ironicamente, também são enganados;
   o cão, que, embora personifique a lealdade, também assume, por vezes, o papel de traidor, que não é capaz de reconhecer a bondade do dono e acaba por mordê-lo, personificando os homens que esquecem quem lhes valeu nas horas de amargura.

Natália Constâncio, colega, amiga e autora de B. I. dos Bichos em Mário de Carvalho, apenas, 2008