Reabre o céu depois de uma chuvada
no azul do dia.
É o azul do nada com que se fazem os deuses e a poesia.

Vergílio Ferreira


17/11/2012

Quantas vezes, Amor, me tens ferido!
Quantas vezes, Razão, me tens curado!
Quão fácil de um estado a outro estado
O mortal sem querer é conduzido!

Tal que em grau venerando, alto e luzido,
Como que até regia a mão do Fado,
Onde o Sol, bem de todos, lhe é vedado,
Depois com ferros vis se vê cingido.

Para que o nosso orgulho as asas corte,
Que variedade inclui esta medida,
Este intervalo da Existência à Morte!

Travam-se gosto e dor; sossego e lida...
É lei da Natureza, é lei da Sorte
Que seja o Mal e o Bem matiz da vida.

Bocage

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