Reabre o céu depois de uma chuvada
no azul do dia.
É o azul do nada com que se fazem os deuses e a poesia.

Vergílio Ferreira


07/08/2014

Primavera

O vento primaveril foi escultor
no pomar, e pelo seu engenho
cada árvore parece uma boneca.
O campo cobriu-se de um pano chinês:
os brincos das árvores são um fio de pérolas.
Como as belas mulheres por trás da cortina,
vê como o faceiro sol
ora sai da nuvem, ora volta a procurá-la.
E a alta montanha tira da cabeça
o diadema de prata; o sol brilha de novo;
o seu rosto é de seda; e o seu seio, de almíscar.

Onçori (séc. XI). Rosa do mundo: 2001 poemas para o futuro (trad. de Maria Jorge Vilar de Figueiredo)

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